A contracepção na juventude
Estamos vivenciando um momento especial, a era da informação, quanto mais informação em menos tempo melhor, porém esquecemos que o jovem ainda é jovem, e como tal, passa por todas as fases da vida em especial a adolescência. Basta lembrarmo-nos da nossa juventude. Vivemos em uma sociedade com muitos apelos eróticos em quase todas as formas de mídias sem preocupação nenhuma com a influência que isso pode acarretar aos jovens e estimulando a sexualidade cada vez mais precoce. Apesar de estarmos na era da informação, muitas famílias sentem dificuldades em conversar abertamente sobre o tema sexualidade com os filhos adolescentes, e às vezes os jovens encontram outros interlocutores para dividir suas angústias, dúvidas e curiosidade. Para que o adolescente tenha uma vida sexual saudável não é necessário somente que ele tenha informação sobre os métodos contraceptivos e a facilidade de aquisição gratuita, mas também que ele tenha o esclarecimento da importância de um sexo seguro e um completo conhecimento sobre as transformações de seu corpo e a de seus parceiros.
Gravidez e adolescência são dois momentos importantes na vida de qualquer pessoa, mas quando a gravidez chega junto com a adolescência uma parte da vida dessa pessoa é ceifada, pois ela não está preparada para essa etapa ainda, talvez falte uma abordagem mais direta sem preconceitos. Faz-se necessário que encaremos o assunto com seriedade e sendo claro com ambos, pois normalmente fala-se mais das consequências para a adolescente (mulher), esquecendo do jovem (homem), portanto é preciso lembrar que a gravidez na adolescência é tratada na maioria das vezes por parte dos adolescentes, da família e pela sociedade, como o encerramento desse período tão importante que é a adolescência, o que traz grandes mudanças, quase sempre traumáticas ao desenvolvimento desses adolescentes independentes.
Quanto ao fato das jovens continuarem engravidando precocemente, devemos refletir, pois esse momento é encarado de forma diferente pelo menino (Pai) e pela menina (Mãe). Para a jovem menina adolescente ela pode estar enxergando um futuro, irreal é claro, pela falta de oportunidade em virtude de sua posição sócio econômica e cultural, imaginando uma inserção social. As adolescentes sabem as consequências de uma gravidez precoce, mas às vezes acreditam que a gravidez irá impor respeito da sociedade, o que seria difícil de alcançar. Para algumas representa independência, pois passaram a cuidar e não mais serão cuidadas. Para outras a insegurança afetiva, o medo de perder o parceiro, conceitos errôneos sobre amor e fidelidade contribuem para que elas deixem de se proteger.
Existe ainda o descaso político, pois as campanhas publicitárias para alertar os jovens sobre as conseqüências de uma gravidez precoce ou de doenças sexualmente transmissíveis não são expressivas. As formas contraceptivas são direcionadas somente para as mulheres passando a responsabilidade somente a elas.
Quanto à participação da escola, para tentar mudar esse panorama, penso que o momento exige uma postura sensata e acolhedora, que além de informar, promova uma discussão aberta, e a troca de experiências com os jovens, deixando que eles se expressem, e que reflitam sobre a situação. Conscientizar os jovens sobre os verdadeiros valores, a apelação da mídia como a banalização do sexo, a erotização exagerada e precoce, direitos e deveres de um cidadão, consequências de uma gravidez precoce, trazendo uma reflexão crítica sobre os assuntos.
A adolescência em especial é um momento conturbado, com muitas transformações físicas e subjetivas. É um momento em que o jovem quer ser ouvido, compartilhar experiências, isso demanda uma reflexão profunda sobre o assunto, pois é nessa fase que o adolescente começa a construção de sua identidade para se tornar um adulto e moldar a sua posição perante a sociedade. É um momento de auto afirmação e de escolhas que podem perdurar pelo resto de sua vida.
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