sábado, 25 de junho de 2011

Letramento através do lúdico ( Ambiente Alfabetizador )


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Unidade Sumaré   -    2010  Curso: Pedagogia  2º semestre
Disciplina: Projeto Profissional Interdisciplinar (PPI)
Turma: SPEM1A Professora: Nancy Aparecida Arakaki 

Tema: Ambiente  Alfabetizador

  


      Claudina Ramalho da Silva     RA 1011630
      Consuelo Gregori Zuneda       RA 1011254
      Deborah Gordo                        RA 1011609
      Paulo Henrique da Silva          RA 1012273
      Sérgio Ricardo da Silva           RA 1016971
      Zilda Camilo de Oliveira          RA 1010279

Letramento através do lúdico

Apresentação

         O tema do nosso projeto de pesquisa serve de estímulo a todos os profissionais envolvidos com o processo de alfabetização e busca uma reflexão da prática pedagógica.
          A qualidade e a seriedade da orientação da professora dessa instituição para o nosso projeto demonstram de forma clara, objetiva e inovadora a importância das atividades lúdicas nas práticas educativas da alfabetização e letramento.
         A proposta apresentada permite afirmar  que jogos e brincadeiras infantis quando bem aplicados ajudam no processo de alfabetização e letramento e na educação psicomotora.

Referencial Teórico

          O lúdico é o mediador para o letramento através do conhecimento de mundo, e a criança desenvolve consequentemente o processo de aprendizado. Quando desenvolvemos jogos e brincadeiras do interesse da criança, ela explora o meio em que vive, busca caminhos e conclusões, desenvolvendo sua visão global, questões de lateralidade, quantidade e até de identidade, chegando automaticamente a acelerar seu processo de aprendizado, com isso a criança se situa no mundo para adquirir melhor desenvolvimento de seu aprendizado e se tornar  alfabetizado.
          Para Vygotsky (1987), a aprendizagem e o desenvolvimento estão estritamente relacionados, sendo que as crianças se interrelacionam com o meio, objeto e social, internalizando o conhecimento advindo de um processo de construção. O brincar permite, ainda, aprender a lidar com as emoções. Pelo brincar, a criança equilibra as tensões provenientes de seu mundo cultural, construindo sua individualidade, sua marca pessoal e sua personalidade.
          Piaget (1973) esclarece que  o brincar implica uma dimensão evolutiva com as crianças de diferentes idades, apresentando características específicas e formas diferenciadas de brincar.
          Ana Teberoski e Tereza Colomer no livro Aprender a ler e escrever[1], esclarecem que as crianças aprendem a ler e escrever da mesma forma que aprendem outros aspectos do mundo, ordenando idéias, experimentando suposições. Comentam também a existência de dois modelos de professores, os que entendem a aprendizagem da leitura e da escrita como uma série de habilidades básicas e adotam um único livro de texto ou cartilha que forneça uma única organização progressiva dessas habilidades. Outros que entendem que o seu papel é o de organizador de ambiente rico em elementos escritos e que costumam ordenar em suas classes diversos tipos de materiais, não apenas escolares, tais como brinquedos, bem próximo da realidade dos alunos. Existem ainda os que usam as duas formas alternadamente.
          Entendemos que mesmo com brincadeiras, brinquedos e ambientes diferentes, como uma  brinquedoteca,  é possível desenvolver o letramento usando o lúdico.
          Regina Escarpa[2]  em reportagem na revista escola cita que alguns educadores são contrários a antecipação de práticas pedagógicas tradicionais do ensino fundamental com crianças antes de seis anos de idade, ocasionando a perca do lúdico. Já outros valorizam a presença  da cultura escrita na educação infantil por entender que é importante para o processo de alfabetização a proximidade com o mundo dos textos.
          As brincadeiras começaram a ser investigadas por pesquisadores que inferiam  a ação lúdica como metacomunicação, que significa a possibilidade da criança compreender  a linguagem do outro e a forma de pensar. Brincar implica uma relação cognitiva e representa ao mesmo tempo a potencialidade para interferir no desenvolvimento infantil, além de ser um instrumento para a construção do conhecimento do aluno.
          Para Ferreiro (1989), o problema da alfabetização foi sempre uma decisão tomada somente pelos professores, sem considerar, porém, as crianças. Tradicionalmente, as investigações sobre as questões de alfabetização giram em torno de uma única pergunta: “como ensinar a ler e escrever?”.

          Segundo Rousseau (1968), as crianças têm maneira de ver, sentir e pensar que lhe são próprias e só aprendem através da conquista ativa, ou seja, quando elas participam de um processo que corresponde à sua alegria natural.
          Para alguns pensadores, atividades lúdicas executadas pelas crianças permitem a elas o desenvolvimento, atingindo os objetivos como; a linguagem, a motricidade a atenção e a inteligência.
          Dentro desse contexto a escola tem o papel de promover a facilitação corporal, que nesse caso significa conhecer o corpo e suas potencialidades, bem como exercícios para o conhecimento espacial (posicionando a criança em espaços diferenciados) e temporal (marcação rítmica ) e a escrita ( transcrevendo suas experiências), como foi o caso de nossa pesquisa.
          Em suma, a escola deve aproveitar as atividades lúdicas para  desenvolver o físico, emocional, mental e social da criança. Linguagem e brinquedo mostram sua origem comum em vários aspectos. Através do lúdico corporal e concreto, conduz-se a criança para as palavras.
Metodologia
        
           A pesquisa foi desenvolvida inicialmente de forma individual através de matérias sobre o assunto, publicadas em revistas, em sites na internet e livros. Após essa pesquisa realizamos uma reunião e cada integrante do grupo relatou a experiência da pesquisa e seu ponto de vista em relação ao assunto. Posteriormente realizamos uma pesquisa mais aprofundada em campo com o objetivo de coletar dados para comprovar a importância do lúdico no processo de alfabetização e letramento acelerando assim o processo de aprendizagem, pois as crianças através de brincadeiras  vivenciam as aulas de forma agradável e mais atraentes, fazendo com que  elas desenvolvam o letramento naturalmente.
          Resolvemos  lançar mão de uma pesquisa prática com o objetivo de diagnosticar e depois analisar descrevendo a realidade encontrada em escolas públicas, no que diz respeito à aplicação do lúdico na alfabetização.
          Esta pesquisa foi realizada  no dia 22 de outubro de 2010, na Escola Municipal de Educação Infantil João Mendonça Falcão, localizada à Rua Cel. Mursa  nº 167, Brás, São Paulo – SP, telefone 32084208 , direcionada aos alunos do 3º estágio, com idade entre cinco e seis anos, e orientada pela professora Claudia.
          A escola tem um ambiente interessante, pois recebeu a doação de um ônibus e o transformou em uma brinquedoteca  com ambientes diferenciados.
          Inicialmente os alunos tiveram quarenta minutos de atividades dentro de um ônibus, posteriormente realizamos uma roda de conversa na quadra esportiva antes de voltarmos para a sala e sugerirmos que cada um pensasse no ambiente ou brinquedo que mais havia gostado.
          Dentro do ônibus, ficou clara a divisão de grupos; os meninos escolheram dirigir o ônibus, brincar no supermercado, carrinhos na cidade.  Somente uma menina quis experimentar dirigir o ônibus. Já as meninas preferiram brincar de  casinha, de médica, e de fazer compras no supermercado. Com os fantoches tanto meninas como meninos brincaram. Eles mesmos se organizaram formando as filas e controlando o tempo.
          Ao saírem do ônibus a professora solicitou que todos se acomodassem dentro das figuras geométricas desenhadas na quadra esportiva o que nos chamou a atenção, pois além de servir para uma organização para uma conversa antes de irmos para a sala de aula sem haver dispersão por parte dos alunos, serviu também para ativar o conhecimento sobre formas geométricas.
          Já em sala de aula  a professora conduziu para que a sala chegasse a um consenso de seis ambientes / brincadeiras que mais gostaram e após uma votação democrática, as mais votadas foram; mercado, motorista, hospital, cidade, casinha e fantoche. Esse momento foi importante, pois os alunos desenvolveram o respeito pela opinião dos colegas escolhendo os itens mais votados e também respondiam quantas sílabas continham cada palavra.
          Posteriormente a professora propôs que cada um desenhasse e escrevesse o item que mais havia gostado e que colocasse o próprio nome na folha. Alguns aceitaram logo, mas outros resistiram e um aluno especificamente recusou-se a fazer a tarefa e quando começou a desenhar, não deixou ninguém ver o desenho. Outros alunos perguntaram se havia necessidade de  escrever o cabeçário começando com São Paulo e a data, e a professora respondeu que não, pois a atividade do dia seria diferente. Esse fato também chamou a atenção do grupo de uma forma negativa, pois tivemos a impressão que os alunos estavam condicionados, mas ao comentarmos com a professora, ela relatou que sempre que possível ela desenvolve atividades diferentes sem a necessidade de seguir regras.
          Com a atividade em andamento foi apresentada a proposta da confecção de um livro com os desenhos e todos concordaram até mesmo os que não queriam desenvolver a tarefa.  Solicitamos nesse momento que eles sugerissem o nome do livro e a aluna chamada Yasmim antecipou-se e sugeriu o nome de “A história do ônibus” e após uma votação democrática, chegou-se a um consenso aceitando o nome proposto. Houve também uma votação para a escolha da cor da capa do livro.
          
Conclusão


          Concluímos que os benefícios didáticos do lúdico são altamente importantes. Mais do que um simples passatempo, as brincadeiras e o meio em que elas se desenvolvem são indispensáveis para promover a aprendizagem disciplinar e a inclusão de comportamentos básicos, necessários à formação  personalidade da criança.
          Entendemos que estudar as atividades lúdicas e o desenvolvimento humano é uma tarefa muito complexa, devendo-se analisar os aspectos psicomotores, cognitivos e afetivo-sociais.
          As crianças tiveram respostas quando puderam manipular os brinquedos através da atividade lúdica, encontrando correlação entre o brinquedo e o comportamento de busca da informação.
          A linha de trabalho voltada para a ludicidade apresenta resultados positivos, principalmente com aqueles alunos que apresentam dificuldades na aprendizagem, como podemos constatar com o aluno que a princípio não queria desenvolver a atividade e mesmo ao começar, não queria que ninguém visse. Quando foi sugerido o livro a mudança foi imediata.
          O lúdico resgata a bagagem cultural da criança e através disso faz com que elas construam seu saber e devido a sua importância deve estar contido em todas as propostas de ensino na fase de alfabetização.
          Concluímos que nossa hipótese é correta e que através de atividades lúdicas é possível não só alfabetizar, mas também promover a inclusão e praticar a multidisciplinaridade.




Bibliografia
            
TEBEROSKI,Ana;COLOMER,TerezaAprender a ler e escrever.

SANTOS, Santa Marli Pires. O lúdico na formação do educador. 3ª ed. Petrópolis-RJ: Editora Vozes, 1999.

PIAGET, Jean. Formação do símbolo na criança. Zahar, Rio de Janeiro, 1973.

SANTOS, Santa Marli Pires. O lúdico na formação do educador. 3ª ed. Petrópolis-
RJ: Editora Vozes, 1999.

MELEKE,Camila G. Alfabetizar...Quando e como?Disponível em:<http://www.webartigos.
com/articles/17267/1/Alfabetizar--Quando-e-Como/pagina1.html#ixzz10edjtiSL>

ESCARPA,Regina. Alfabetizar na Educação Infantil. Pode?Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/alfabetizacao-inicial/alfabetizar-educacao-infantil-pode-424823.shtml.


[1] TEBEROSKI,Ana;COLOMER,Tereza.  Aprender a ler e escrever, pag.104)
[2] ESCARPA,Regina. Alfabetizar na Educação Infantil. Pode? Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/alfabetizacao-inicial/alfabetizar-educacao-infantil-pode-424823.shtml. Acesso em: 23 set.2010, 14:40:00.

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